quarta-feira, abril 03, 2024

O amanhecer do 25 de Abril de 1974, por Fernando Brito, em exposição na Culturgest

 Associando-se às comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos, a Culturgest apresenta, de 2 a 28 de abril, a obra Mapa orográfico do território português, à escala 1:625000, sujeito às condições luminosas do dia 25 de Abril de 1974, às 08h00, 1999-2009, da autoria de Fernando Brito, e com curadoria de Bruno Marchand. A obra faz parte da Coleção da Caixa Geral de Depósitos e suspende um momento histórico no auge da sua promessa.


A entrada é gratuita. 

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2-28 ABR 2024
TER-DOM 11:00-18:00
Artes Visuais
FERNANDO BRITO
Mapa orográfico do território português, à escala 1:625000, sujeito às condições luminosas do dia 25 de Abril de 1974, às 08h00, 1999-2009
Galeria 2
Entrada gratuita 
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Às 8:00 de 25 de Abril de 1974, Portugal era a incógnita perfeita, o poema-país pronto a ser escrito. Desse momento mítico, deixa-nos o artista Fernando Brito um desenho: o recorte da irrepetível luz daquela manhã a rasar os acidentes estremunhados do território nacional.

A obra pertence à Coleção da Caixa Geral de Depósitos, tendo sido adquirida ao artista, em 2022, no âmbito das aquisições realizadas a artistas de média carreira ainda não representados na Coleção.

Exposta pela primeira vez, em 2009, na exposição Ich bin ein Baixinher, no Chiado 8 – Arte Contemporânea, em Lisboa, com curadoria de Bruno Marchand, a instalação tinha sido pensada e escrita em 1999 num pequeno caderno de apontamentos que faz parte do processo de trabalho que o artista tem vindo a desenvolver. Nesse início, a obra era apenas a ideia descritiva que a frase do título indicava.

Posteriormente, a obra ganhou a sua materialidade. Através de um molde em látex de um mapa topográfico à escala 1:625000 do território nacional – continente e ilhas –, que se encontrava em todas as escolas primárias no Estado Novo, o artista fez incidir um foco de luz que simula o amanhecer do dia da Revolução do 25 de Abril de 1974. Nesta narrativa histórica e precisa, o artista congela o momento em que o país via a luz da liberdade e a imensidade das suas possibilidades, “numa paródia assumidamente crítica em torno de processos de aproximação e afastamento relativamente a algumas imagens características da vanguarda histórica.” (Cristina Campos).


Sobre Fernando Brito (Pampilhosa da Serra, 1957)
Licenciado em Pintura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, em 1983, o seu percurso expositivo tem-se desenvolvido, em grande medida, no âmbito de projetos coletivos como Homeostética (1982-1987), Ases da Paleta (1989) ou Orgasmo Carlos (ativo desde 2003). Entre as suas exposições individuais destacam-se Fernando Brito, Galeria Quadrum, Lisboa (1990 e 1993), Fernando Brito, Galeria Olha Lá, Centro Cultural de Lisboa, Lisboa (1993), Confidential Report – Deux ans de vacances, Galeria Presença, Porto (2007), Ich bin ein Baixinher, Chiado 8, Lisboa (2010), Fernando Brito: Der Geist Unserer Zeit, Centro Cultural Vila Flor, Guimarães (2010), Them or Us, Galeria Municipal do Porto (2017), A man should always have an occupation of some kind, Sismógrafo, Porto (2020) e Budonga, Galeria Zé dos Bois, Lisboa (2020). Desde 2010, a curiosidade pelo chamado pensamento pós-colonial e a descoberta dos conceitos de «política» e de «sujeito político» em Rancière têm determinado que as ideias de arte como jogo político, artista como político que usa imagens e obra como jogada política, se tenham constituído em motor do seu trabalho. 

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