FELICIDADE MODERNA é o primeiro álbum de longa duração dos Quase Nicolau. Nascida uma das suas canções no Verão de 2019, estava ainda a banda a dar os seus primeiros concertos, a ideia para o disco viria de um sonho tido no Outono de 2020, pouco tempo depois de acabado o EP de estreia, Alvorada. De uma pergunta se fez o título e fio condutor do trabalho a cuja composição a banda se dedicou durante quase três anos – será isto felicidade moderna?
Em FELICIDADE MODERNA, aliás, foram mais importantes as perguntas do que as respostas. De que altos e baixos, de que alegrias e tristezas, de que pessoas e lugares, de que momentos e memórias e desejos e imaginações pode ser feita a felicidade, ou a nossa relação com a felicidade? Não será a felicidade algo muito menos simples do que se costuma crer? Será sequer algo em que se deve pensar? As onze canções de que é feito o álbum, escritas e reescritas pouco a pouco e experimentadas ao vivo em concertos do ciclo da Alvorada, não constituem uma história, senão um mosaico, um conjunto de fragmentos que, através de aproximações e afastamentos, evoca uma felicidade possível e – talvez contra muito do imaginário comum – infinitamente imperfeita.
Mas as palavras não vieram sozinhas. FELICIDADE MODERNA é o próximo passo no crescimento musical dos Quase Nicolau. As suas canções são mais directas e urgentes do que as de Alvorada, as suas dinâmicas mais arrojadas, contendo tanto os momentos mais cheios como os mais despojados da discografia da banda até agora. E assim como as letras foram ligadas por certas imagens e perguntas e movimentos, as composições e arranjos também partilham motivos que, aparecidos num lado do disco, regressam no outro já mudados por tudo o que, entretanto, aconteceu.
O trabalho de estúdio, feito sob a alçada do produtor João Correia (Tape Junk, Bruno Pernadas, Benjamim) após primeiras experiências a cargo de Diogo “Horse” Rodrigues (Capitão Fausto, Ganso, Luís Severo), durou quase um ano, tendo sido um período de constante experimentação. De Junho de 2023 a Abril de 2024, as canções foram construídas e reconstruídas camada a camada, na procura de uma forma e mundo único para cada uma. Na base da maioria dos arranjos estiveram guitarras acústicas em afinações invulgares, às quais se juntaram não só o leque de instrumentos rock tocados ao vivo pela banda e detalhes de viola amarantina, metalofone, melódica, sons encontrados e tudo o que quinteto, por curiosidade, resolveu experimentar, como participações do produtor João Correia na percussão, do saxofonista João Capinha no saxofone tenor, saxofone alto e flauta transversal e do pianista Vasco Robert no piano e piano manipulado. A principal novidade, contudo, talvez seja a gradual introdução de uma vertente electrónica no som da banda, resultado da manipulação e distorção de instrumentos e até de vozes, bem como da criação propositada de samples.
“BEIRA-FOGO” é o terceiro avanço de FELICIDADE MODERNA e um dos capítulos centrais do disco. É um regresso, passado algum tempo, à situação e sentimento de “PRIMEIRO AMOR”, tanto anterior single como anterior faixa do alinhamento. Quando se dissipa a névoa do desgosto, o que fica de quem se amou? O que se vê por fim com clareza? Só virá a verdade muito depois? E o que se faz com tudo o que não se pôde dizer a alguém? Em “BEIRA-FOGO” canta-se em singela harmonia sobre crescentes teias de dedilhados acústicos, sobre pianos e teclados e guitarras que se vão acumulando até tudo, quando falar já de nada serve, desabar num grande lamento sem palavras pelo que se perdeu, por depois do adeus se perceber que compreender e amar por vezes não é suficiente.
O single, penúltimo antes do lançamento de FELICIDADE MODERNA no dia 11 de Abril de 2025, vem acompanhado de um teledisco realizado por João Carriço e protagonizado por Luz Silva.
A primeira oportunidade para ouvir BEIRA-FOGO, PRIMEIRO AMOR e O QUE FOR ao vivo será a 21 de Março, data em que os Quase Nicolau subirão ao palco do Musicbox para uma noite do Indie Music Fest, na companhia de Manila, Zé Vargas e Momma T. Em breve serão anunciados concertos de apresentação de FELICIDADE MODERNA em nome próprio.
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