sexta-feira, maio 19, 2023

Elogio à Profanação: David Revés leva à Fidelidade Arte um território entre o transcendente e o telúrico

 
Jacques Fabien Gautier D’Agoty, Anatomia das Mãos, in "Myologie Complette en Couleur Naturelle", 1764
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 Fidelidade Arte, Lisboa

VISITA DE IMPRENSA
25 MAI 2023
QUI 12:00

INAUGURAÇÃO
26 MAI 2023
SEX 22:00 - 24:00
Entrada livre

EXPOSIÇÃO
29 MAI - 1 SET 2023
SEG A SEX
11:00 - 19:00

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Profanar os corpos, profanar o Tempo, profanar a História. Profanações dá nome ao terceiro momento do ciclo Território, que conta com a curadoria de David Revés e inaugura a 26 de maio, às 22:00, na Fidelidade Arte, em Lisboa, podendo ser visitada até 1 de setembro, e estará de 30 de setembro a 14 de janeiro, na Culturgest Porto. Numa apropriação do título do livro homónimo de Giorgio Agamben, Profanações pretende avaliar criticamente os ideais racionalistas de Progresso e sua maquinaria de mobilização cinética sob os quais as sociedades ocidentais se têm orientado.
 
A exposição conta com obras de: Albrecht Dürer, Annie Sprinkle & Beth Stephens, António da Silva, Christine Henry, Francisca Sousa, Igor Jesus, Isabel Cordovil, Jol Thoms, Mariana Gomes, Odete, Paulo Serra, Pedreira, Pedro Moreira, Plastique Fantastique, Rasmus Myrup, Sonja Alhäuser.

A inauguração terá uma performance inédita de Pedreira. O coletivo portuense fará uma apropriação e releitura da prática ritual e ancestral da queimada galega. Inicialmente ligada a uma tentativa de afastamento dos espíritos e bruxas, a queimada de Pedreira ativará um ritual performático em torno da desconstrução do esconjúrio original da queimada galega, num tom subversivo, feminista e ecológico.
 
Profanações é o ensaio de Agamben que orienta o pensamento na prática curatorial de Revés nesta exposição. Filósofo com uma matriz de pensamento judaico-cristã, refere que a profanação vai além da ideia de destruir algo da ordem do sagrado e do religioso. Ainda que o possa ser, Agamben indica que o que é sagrado ou religioso está em diversas esferas da vida que podem não ser tão benéficas quanto julgamos serem e o que a profanação faz, como nos indica David Revés "é abri-las, reconstitui-las, reconfigurá-las, re-ordená-las numa espécie de poder de uso sobre as coisas. Não é um poder de propriedade, mas das coisas existirem num espaço de liberdade e troca incessante com tudo e com todos".

Afirmando a profanação enquanto gesto especulativo que possibilita a criação de novos horizontes para pensar e fazer-mundo, esta exposição reúne obras de diferentes origens, propondo distintas modalidades de pressionar a História e suas expectativas normalizadoras, assim como procurando exaltar todas as materialidades — esquecidas, presentes e futuras — que existem no seu interior.

Profanações propõe conduzir quem a vê por territórios estéticos situados entre o transcendente e o telúrico, convocando produções oriundas da religião, bruxaria, sexualidade, adivinhação, entre outras, que se afirmam como formas de contrariar dispositivos de controlo, rigidificação e previsão da experiência. 

A exposição tem entrada gratuita e pode ser visitada de segunda a sexta, das 11:00 às 19:00.


Sobre David Revés

David Revés [1992, PT] é curador independente, escritor e investigador. Vive e trabalha entre Portugal e a Suécia. Tem um mestrado em Estudos Artísticos (FBAUP) e uma pós-graduação em Ciências da Comunicação — Culturas Contemporâneas e Novas Tecnologias (FCSH — UNL). É fundador do Metanoia, um projecto nómada que organizará, a partir de 2024, um programa de exposições, seminários e publicações em torno de narrativas de extinção e linguagens especulativas. Enquanto curador, desenvolveu projetos expositivos para diversas instituições, tais como: Associação Alfaia, Loulé; Fundação DIDAC e Igrexa da Universidade, ambas em Santiago de Compostela; Casa da História Judaica, Elvas; Museu Municipal de Faro; e Galeria Uma Lulik__, Appleton, Fundação Leal Rios, entre outros. Desenvolve regularmente uma atividade crítica e ensaística para revistas especializadas, publicações de artistas, edições académicas, palestras e seminários. Os seus textos foram já publicados na DARDOmagazine [Espanha], Floating Projects [China], ExibartMagazine [Italia], SUMAC Space [Médio Oriente] e BoCA blog [Portugal]. É colaborador regular da revista portuguesa Contemporânea.

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A propósito d'O Projeto Invisível, a revista sonora da Culturgest, dedicado à temporada fevereiro-agosto, Claudia Sobral falou com David Revés sobre apropriações, profanações e como o curador tenciona profanar também o seu território nesta exposição. A faixa da revista dedicada à exposição está disponível e pode ser ouvida no SoundCloud, YouTube, Spotify, Apple Podcasts. 

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https://Culturgest.pt

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