sexta-feira, outubro 07, 2022

Os últimos dias do Imaterial trazem música dos quatro cantos do mundo e promovem o debate sobre o Estado Geral do Cante em 2022

 1 a 9 de outubro em Évora


Os últimos dias do Imaterial trazem música dos quatro cantos do mundo e promovem o debate sobre o Estado Geral do Cante em 2022

os sons da Occitânia com os Barrut, do Brasil com Lia de Itamaracá, da Coreia do Sul com Soona Park, do Irão e Arménia com Farnaz Modarresifar & Haïg Sarikouyoumdjian, fechando com o Grupo de Cantares de Évora 

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A debate estará o Estado Geral do Cante em 2022, a apresentação do livro “Severa 1820” e o contínuo apartheid na música internacional - colonialismo e racismo nos mass media
 
O Ciclo de Cinema Documental encerra hoje com a exibição do filme Sigo Siendo realizado por Javier Corcuera  

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O 6º dia do Imaterial contou com a exibição de 3 episódios da série de autoria do etnomusicólogo Michel Giacometti, O Povo que Canta, no âmbito do ciclo de cinema documental. Tango e Chamamé: Duas músicas e danças patrimoniais da argentina. Clássicos e futuros clássicos foi o tema em debate pela voz de Liliana Barela. Natch, chegou de Cabo Verde e está pela primeira vez em Portugal. Subiu ao palco e emocionou o público presente com as suas mornas e a sua autenticidade.




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O dia de hoje encerra o ciclo de cinema documental, com a exibição às 15h30, no Auditório Soror Mariana do filme Sigo Siendo (Kachkaniraqmi), realizado por Javier Corcuera e que contará com a presença de Sara Van, artista peruana que integra o elenco do filme. O nome do filme deriva de uma frase Quéchua que significa “apesar de todos os desafios da vida, eu ainda existo”. E que dá o tom para um filme extraordinário que documenta a notável diversidade, beleza e fragilidade da cultura musical do Peru nas mãos de algumas das suas populações mais marginalizadas, que conseguem manter as suas tradições vivas como uma orgulhosa expressão de identidade. Este filme conta com o apoio da Acción Cultural Española (AC/E), do Programa para la Internacionalización de la Cultura Española (PICE) e da Movilidad.

Hoje, pelas 18h no Palácio Dom Manuel, Paulo Lima, Francisco Torrão e José Guerreiro debatem o Estado Geral do Cante em 2022. Três vozes estudiosas do cante reúnem-se não apenas para discutir o processo histórico que transformou uma prática espontânea num património reconhecido institucionalmente, mas também para trocar ideias sobre o impacto que a distinção da UNESCO teve na preservação, na revitalização e na divulgação desta música.

No sábado, pelas 16h no Palácio Dom Manuel, Paulo Lima regressa na companhia de José Moças para apresentação do livro “SEVERA 1820”, uma edição comemorativa do duplo centenário do nascimento de Maria Severa Onofriana (1820-1846) e dos Dez Anos da inscrição do Fado na lista representativa do património cultural imaterial da UNESCO (2011-2021). Um trabalho no qual se cruza a história e a reflexão crítica sobre o Fado, canção de Lisboa.

O ciclo de conferências encerra no sábado pelas 18h no Palácio Dom Manuel, com o contínuo apartheid na música internacional. Colonialismo e racismo nos mass media, com Ian Brennan e Marilena Umuhoza Delli.

A música continua a ser presença assídua no Imaterial. Hoje, recebe os sons da Occitânia com os Barrut, pelas 21h30 no Palácio Dom Manuel. Sete cantores e um percussionista que encontram a fonte para as suas magnéticas e selváticas canções nas polifonias vocais da região francesa da Occitânia. Com uma poesia muito própria e acreditando que a sua música deve surgir de um processo de criação partilhado, os Barrut invadem-nos os sentidos sem esperar permissão.

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Lia de Itamaracá atuará às 22h45 no Palácio Dom Manuel. Maria Madalena (Lia) quis que a ilha onde nasceu, Itamaracá, andasse sempre consigo palcos fora. Daí que tenha escolhido como nome artístico Lia de Itamaracá, espetando uma bandeira nesse território do litoral norte de Pernambuco. Mas a sua música é tudo menos uma ilha. Ainda que seja conhecida como a “Rainha da Ciranda”, as suas canções são um lugar de cruzamento e mestiçagem, impregnadas de ritmos tradicionais como o coco, o maracatu, o frevo, o maxixe e, claro, a ciranda. 


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No sábado, os Barrut regressam pelas 19h no Pátio da Fundação Inatel.  
 
Pelas 21h30, chegam ao Palácio Dom Manuel os sons da Coreia do Sul com Soona Park. Nascida no Japão, foi nesse país que primeiro contactou com o gayageum, um instrumento de cordas de tradição coreana, semelhante ao guzheng chinês ou ao dàn tranh vietnamita. A sua música vive tanto do extraordinário domínio técnico do gayageum, quanto da sua técnica particular, buscando a reverberação e a exploração das características mais líricas do instrumento. 


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Domingo, chega o último dia do Imaterial. Helder Moutinho regressa para um encontro único com o Grupo de Cantares de Évora. Pelas 21h30 no Palácio Dom Manuel, a entrega do prémio imaterial Lucy Duran.

Seguindo-se a atuação dos Farnaz Modarresifar & Haïg Sarikouyoumdjian. Sarikouyoumdjian descobriu o duduk (oboé que é tido como a alma do povo arménio, inscrito pela UNESCO no Património Imaterial da Humanidade desde 2005) aos dez anos e, desde então, começou a embrenhar-se num som tão belo e melancólico que não tardou a encantar Jordi Savall e a ser chamado pelo maestro catalão. O músico arménio junta-se aqui, num tocante duo, à franco-iraniana Farnaz Modarresifar, uma das mais virtuosas tocadoras de santur (instrumento de cordas da família do saltério).

A 2ª edição do imaterial encerra com a atuação do Grupo de Cantares de Évora, pelas 22h45 no Palácio Dom Manuel. Fundado em 1979 por Joaquim Soares e Feliciano Cupido, este grupo veio preencher o vazio de não existir na capital alentejana até então um grupo coral que interpretasse as modas tradicionais da região. Com a particularidade de ser um coletivo misto, respeitando as memórias de infância dos fundadores, quando assistiam ao regresso dos trabalhadores das jornadas de trabalho no campo num convívio que a todos dizia respeito. 

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O Imaterial é um projeto com organização da Câmara Municipal de Évora/DCP, cidade candidata a Capital Europeia da Cultura em 2027, em parceria com a Fundação Inatel e direção artística de Carlos Seixas.
E porque ouvirmo-nos é a melhor forma de percebermos quem somos e onde estamos, o Imaterial convida a que nos encontremos de novo em Évora. Porque este é, realmente, um festival que se pensa como lugar de encontro. 


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Apoios: 

Câmara Municipal De Évora

Fundação INATEL 

RTP (TV) 

Antena 1 (Radio) 

Jornal "O Público"




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