De ouvido e coração é um projeto musical da autoria do compositor e pianista Amílcar Vasques-Dias em parceria com Luís Pacheco Cunha, que recria e reinventa a obra de José Afonso, movendo-se num universo entre a música erudita, o jazz e o flamenco, mas permanecendo fiel à sua matriz original.
Amílcar Vasques-Dias conheceu e acompanhou José Afonso em 1978, na Holanda, tendo vindo, desde então, a dedicar-se ao estudo e recriação da sua música, o que se veio a concretizar no projecto De ouvido e coração, criado em parceria com o violinista Luís Pacheco Cunha, para o qual tem contado com as colaborações da cantaora espanhola Esther Merino, e dos cantores líricos Carlos Guilherme e Natasa Sibalic, em concertos em Portugal, Espanha e Holanda.
Para os que ainda não tiveram a oportunidade de assistir ao vivo a estes espetáculos, e para todos os que gostariam de os reviver, De ouvido e coração será editado a 31 de Março de 2023, em CD e em versão digital, incluindo interpretações de doze temas de José Afonso, como sejam os emblemáticos “Que amor não me engana”, “Venham mais cinco”, “Vejam bem”, “Traz outro amigo também”, “Cantigas do Maio”, ou “Eu fui ver a minha amada”, e outras composições, tais como “A mulher da erva”, “Balada do Outono” ou “Cantar Alentejano (Catarina Eufémia)”.
Além dos artistas referidos, este álbum conta ainda com a participação do cantor Ricardo Ribeiro.
Segundo as palavras de Rui Mota, da Associação José Afonso: “Ver e ouvir De ouvido e coração hoje, continua a ser uma experiência única, porque irrepetível na sua riqueza harmónica e melódica, só ao alcance de intérpretes de excepção. A recriação da grande música de José Afonso conhece, desta forma, a dimensão que sempre lhe esteve subjacente, mas à qual não tínhamos tido, até agora, acesso”.
Amílcar Vasques-Dias nasceu em Badim, Monção. Estudou Composição e Piano nos Conservatórios de Música do Porto e de Braga. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e da Secretaria de Estado da Cultura para o Mestrado em Composição Instrumental e Electroacústica no Conservatório Real de Haia, na Holanda. Trabalhou com Karlheinz Stockhausen, na Holanda, com Iannis Xenakis, em França, e com Cândido Lima, em Portugal. Em 1989, conheceu Fernando Lopes-Graça, começando desde então a dar mais atenção à música tradicional portuguesa, notando-se a sua influência em algumas das suas obras. Na Holanda, desenvolveu actividade artística e pedagógica como compositor e pianista durante 14 anos.
Como compositor, a sua música tem sido tocada em Portugal e em outros países da Europa, da América e no Japão, especialmente em festivais de música contemporânea. Muitas destas obras estão gravadas em CD’s, tais como “Doze Nocturnos em Teu Nome”, pelo pianista Álvaro Teixeira Lopes; “Canções de Évora” pelo pianista João Vale e o soprano Cláudia Pereira Pinto; “Lume de Chão - tecido de memórias e afectos”, em “Viagens na Minha Terra”, pela pianista Joana Gama.
Como pianista, interpreta a sua própria música, tendo realizado concertos em Portugal, Espanha, Holanda, Alemanha, Bélgica, França, Rússia, Canadá e Estados Unidos da América.
Sobre libretos de Helena da Nóbrega escreveu as óperas “Soror Mariana Alcoforado” (2017), e “Geraldo e Samira – uma ópera para Évora” (2019).
Como pianista-compositor, realizou projectos de fusão do piano clássico com o jazz, tendo gravado o CD “Desnudo” com a cantora Joana Machado, e com a música tradicional, nomeadamente com o “cante alentejano”, e do qual resultou o CD “Em cante - música do Alentejo” e ainda com a música flamenca.
Desde o seu regresso da Holanda em 1988, foi professor nas Escolas Superiores de Música de Lisboa e do Porto, na Universidade de Aveiro e na Universidade de Évora. Foi mentor e director artístico do “Encontro do Alentejo de Música do séc. XX.I”, de 1998 a 2009.
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